terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Velho Braulino


Esta semana não sei o porquê, mas me lembrei de um senhor que conheci há muitos anos atrás cujo nome era Sr. Braulino. Era um oficial de marinha reformado. Por esta época eu morava numa rua sem saída que tinha exatas sete casas de cada lado e uma no final da rua que para acessar tínhamos que atravessar um pequeno córrego. Não me recordo por quanto tempo morei ali, mas foram anos muito especiais. Na primeira casa lado direito morava o Sr. Braulino com a mulher e dois filhos pequenos. Ele já devia ter por volta dos sessenta anos, mas os pequenos tinham uns quatros ou cinco anos no máximo. Bons tempos. A casa dele tinha um muro baixo ladeado por um gramado muito bem cuidado. Às tardes ele vinha para a beira do muro e nós – todos adolescentes, nos juntávamos à sua volta para bater papo. Como era de se prever o velho marinheiro sempre tinha uma história para contar. Ali ficávamos até por volta das vinte e duas horas e obviamente sem nenhuma pressa. Como esquecer esta época – impossível!
Cora Coralina disse certa vez que; “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Braulino que hoje se estiver vivo tem por volta de cem anos certamente era muito feliz e nós, a considerar minhas lembranças éramos feliz também. Naquela época não existia internet e as relações eram necessariamente pessoais. Inconcebível hoje um adolescente “perdeu” tempo com um “velho” contador de histórias. Coralina teria que reescrever sua ideia de transmissão de conhecimento. Se perdemos ou não ainda é cedo para afirmar, mas por certo as relações hoje ditas digitais perdem pela falta de calor e emoção em relação àquelas. Olhar nos olhos, ouvir a voz, sentir o calor do corpo e perceber as expressões e gestos enriqueciam por demais as relações. Tudo aquilo deixava marcado de forma indelével em nosso coração os ensinamentos e as experiências vividas e compartilhadas. Oxalá descubramos uma fórmula para humanizar as Redes Sociais que hoje têm a função de manter as pessoas “antenadas” umas às outras. Que ao sentarmos diante das máquinas possamos perceber o outro à nossa frente e tratá-lo com a dignidade, respeito e porque não a ternura necessária.

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Poverello de Assis

Oração de são franscisco



Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz !Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, Onde houver discórdia, que eu leve a união, Onde houver dúvidas, que eu leve a fé, Onde houver erro, que eu leve a verdade, Onde houver desespero, que eu leve a esperançaOnde houver tristeza, que eu leve a alegria, Onde houver trevas, que eu leve a luz. Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, Pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA !


Esta oração foi feita após o pedido de clemência do papa Inocêncio III "arrependido" pelas cruzadas e muito enfermo. Francisco, duvidando de seu arrependimento, fora chamado a atenção pelo Pai pedindo piedade ao agonizante. São Francisco atendeu o pedido, admitindo humildemente sua ignorância.