quarta-feira, 21 de maio de 2008

Diversidade


De repente, surgem nos noticiários brasileiros muitas notícias relacionadas às pessoas que por razões das mais diversas estão enfrentando a controversa decisão de mudança de identidade e gênero. Quando falo razões diversas me refiro às explicações dadas pelos “especialistas” no assunto. Sexólogos, psicólogos, sociólogos, psiquiatras entre outros. Cada um tem uma explicação que por vezes podem ou não se completar ou se contrapor dependendo da origem, da formação e principalmente do interesse do especialista. Se for, por exemplo, alguém ligado a uma Igreja por certo que saíra condenando indiscriminadamente e encontrará na Bíblia, na Torá ou no Alcorão inúmeras passagens onde se apoiar. Se tratar-se de um ateu, com a indiferença característica, procurará se esquivar do tema dizendo não ser assunto que mereça atenção. Se for alguém ligado à espiritualidade kardecista tenderá a aceitar sem, contudo explorar muito o tema. Se for alguém adepto das religiões afros ou afins, sairá em defesa, pois têm um compreensão um tanto liberal das questões relacionadas à sexualidade. Em fim, são tantas as posições que ficamos um tanto confusos para fazer um justo juízo deste tema. Outra questão que acho grave é que na maioria das vezes quando vem a público este tema; invariavelmente vem revestido de purpurinas e paetês e iluminados com grandes holofotes e letreiros luminosos e multicolores, sem contar a banda de música que vem na retaguarda. Se me perguntarem hoje se tenho opinião formada diria que não; até porque penso que cada caso um é caso. Numa análise antropológica pura, diríamos que nascemos homens ou mulheres e pronto! Não temos conhecimento de gênero intermediário na raça humana. O que a ciência reconhece é a existência dos indivíduos hermafroditos ou andróginos – aqueles que nasceram com tecidos ovarianos e testiculares com caracterização sexual imprecisa. Nesta situação, lembro-me do caso da família Reimer de Winnipeg nos Estados Unidos – história narrada no livro Sexo Trocado do escritor John Colapinto que eu recomendo a leitura a título de entender a gravidade desta situação que em alguns casos pode se transformar em uma verdadeira tragédia na vida das famílias. Mas o que eu gostaria de explorar aqui não são estes casos; até porque se explicam por si mesmo. O que intriga e merece uma reflexão são os casos em que fisicamente não há nenhuma “não conformidade” genética ou de formação. Falo daqueles que são chamados pejorativamente de travestis – nos anos 60 eram os transviados! Indivíduos que são homens ou mulheres na plenitude e optam voluntariamente por assumir outra identidade e gênero que não o de nascimento e para isso, muitas vezes, enfrentando os familiares, a sociedade e toda sorte de discriminação. Aqueles que por razões das mais diversas só reúnem força para assumir essa mudança quando adultos e às vezes já encaminhados na vida com a condição em que nasceram. Uma vez tomada à decisão, inicia-se um processo muitas vezes doloroso para alguns. Se for um cidadão ou cidadã comum – um simples mortal – até que passa despercebido, mas se for uma “celebridade” por certo que será alvo de um escândalo e muita polêmica. A questão que gostaria de colocar aqui em discussão é a seguinte: será que temos o direito de invadir a vida das pessoas indiscriminadamente, será que nos cabe o papel de juízes pela escolha feita por alguém que seja, será que é possível afirmar com convicção que fulano ou fulana é um mau caráter pela escolha que fez – sem uma análise criteriosa das implicações que concordaram para aquela opção? Se a pessoa traz da infância algo que corroborou e a compeliu mesmo para esta ou aquela direção? Estou certo que visto desta forma, muitos dirão que – não temos este direito – mas o fato é que quando surge a notícia, saímos a julgar e a condenar de forma implacável.
A esta altura, alguns podem estar pensando que estou de advogado de defesa nesta questão. Não procede, até porque não tenho este direito. O que quero provocar é uma reflexão ética e madura como demanda o tema. Outra questão é o tratamento dado pela mídia aos protagonistas destas histórias. São enxovalhados sem piedade na expectativa de gerar muitos leitores e conseqüentemente lucros; isso a qualquer preço. Se você tem alguma opinião sobre o tema, seja ela qual for, partilhe conosco.

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Poverello de Assis

Oração de são franscisco



Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz !Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, Onde houver discórdia, que eu leve a união, Onde houver dúvidas, que eu leve a fé, Onde houver erro, que eu leve a verdade, Onde houver desespero, que eu leve a esperançaOnde houver tristeza, que eu leve a alegria, Onde houver trevas, que eu leve a luz. Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, Pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA !


Esta oração foi feita após o pedido de clemência do papa Inocêncio III "arrependido" pelas cruzadas e muito enfermo. Francisco, duvidando de seu arrependimento, fora chamado a atenção pelo Pai pedindo piedade ao agonizante. São Francisco atendeu o pedido, admitindo humildemente sua ignorância.