quinta-feira, 29 de maio de 2008

Assédio Moral, você aceita?


Das tantas coisas ditas modernas inventadas pelos homens nos últimos tempo, tem uma que merece nossa especial atenção. O Assédio Moral. Quando digo que merece nossa atenção, na verdade estou advogando em causa própria pois não só fui vítima deste tipo de crime como pude presenciar toda sorte de maldade em minha vida profissional de aproximadamente 37 anos. Quando comecei a trabalhar aos 14 anos de idade achava que era normal o que assistia. Tinha muito medo – pavor diria! Inúmeras vezes, eu via um senhor francês sair da sala do superintendente chorando e não entendia o que se passava lá – e não ousava nem perguntar tão pouco. Diziam que o tal chefe era uma peste e muito poderoso – podia mandar qualquer uma embora e “ir embora” era o fim! Naquela época eu era poupado pois não tinha acesso ao tal “homem poderoso”. Dos meus 17 a 21 anos trabalhei em empresas que não me trazem lembranças que mereçam ser citadas. Finalmente completei 21 anos e já desenhista técnico fui trabalhar na empresa onde estou até o presente momento. Hoje esta empresa, multinacional suiça que como uma empresa moderna, tem um código de ética igualmente moderno, onde cada colaborador é devidamente informado sobre as regras de conduta a seguir para preservar a integridade moral não só da mesma empresa como e mais importante, a dignidade de cada um de seus colaboradores. Muito me orgulho em trabalhar nesta empresa. Mas para ajudar a nossa reflexão sobre o Assédio Moral, gostaria de relembrar os primeiros sete anos nesta última empresa. Por esta ocasião, os gerentes da área que eu trabalhava eram um chileno e outro uruguaio respectivamente. Subordinado a este dois indivíduos pude experimentar na própria carne o quanto é devastador a viloência moral no ambiente de trabalho. Por esta época eu ainda achava que era assim mesmo. Havia se passado sete anos e eu assistia novamente alguém sair chorando da sala do chefe. Até que chegou a minha vez. Para encurtar a história, lembro que fui tão humilhado e maltratado que fiquei doente – uma gastrite nervosa, um afastamento do trabalho por quarenta dias – que somente foi controlada com o uso de ansiolíticos e que me causou uma dependência de aproximadamente quatorze anos. Com aquela idade eu ainda entendia que perder ou chutar o emprego era o fim – inadmissível! Era um bom salário, uma multinacional americana. O emprego que qualquer um gostaria de ter.
Pois bem, hoje, passados aproximadamente 20 anos, aprendemos a conhecer e a identificar os sintomas e mecanismos do Assédio Moral e suas conseqüências na vida e saúde dos cristãos e não cristãos. Já é vasta a literatura sobre este tema; seja de caráter jurídico ou até mesmo de caráter informativo. Não dá mais para alegar desconhecimento como justificativa para se deixar submeter ao assédio moral ou numa atitude de tirania achar que temos o direito; dado por uma empresa, de submeter alguém a maus-tratos e violência moral. Eu já li muita coisa sobre este assunto. Assisti alguns filmes educativos e ouvi palestras de especialistas. Tudo isso não foi suficiente para eu entender a atitude passiva de quem é submetido à violência no ambiente de trabalho. Parece que a passividade cresce numa relação direta à violência do agressor. Quanto mais agredida, mais a pessoa se curva e logo os primeiros sintomas começam a se manifestar. Diante da total falta de reação, o assediador vai em frente com uma voracidade iniqualável – a quem aposte que chegam a gozar após uma seção de xingamentos, tamanho o prazer que parece dar aos chefes-algozes. Não vou estender muito nesta análise até porque como já disse anteriormente faltam elementos para um bom entedimento da questão. O que gostaria de propor é o seguinte: Se você caro leitor, está vivendo hoje esta situação na condição de agredido e não teve ainda coragem de reagir ou não sabe como fazê-lo ou até mesmo acha que não pode reagir por razões das mais diversas, divida conosco; fale sobre o assunto, o que pensa, o quanto pesa carregar este fardo? Enfim, ajude-nos a entender as motivações ou falta desta para se manter submisso a passivo por muito tempo. Agora, se você porventura é um agressor e todo agressor sabe que é um tirano, diga-nos o que te motiva a agir desta forma, que prazer experimenta quem assedia alguém moralmente? Em algum momento você se sente mal, incomodado, com remorso mesmo? Por que não muda esta atitude, não tem receio das consequências – hoje até jurídicas – acha mesmo que vai sair impune sempre? Use da “coragem” que tens em agredir para abrir seu coração e revelar as motivações de um agressor contumaz.
Bem, o desafio está lançado, vejamos os resultados. Desde já agradeço aos que puderem contribuir conosco nesta reflexão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Ronaldo,

Fiquei impactado com o seu relato. O assédio moral é um problema grave. É difícil provar e combater o assédio moral porque ele ocorre, geralmente, de maneira velada.

A propósito desse tema fiz um singelo poste em meu blog, inclusive passo informações importantes de como reagir a essa violência (http://brunoborgesborges.blogspot.com/2010/09/violencia-no-trabalho-assedio-moral.html).

Ronaldo, goste muito do seu blog. Está muito legal. Parabéns!

Um abraço, Amigo.

Poverello de Assis

Oração de são franscisco



Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz !Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, Onde houver discórdia, que eu leve a união, Onde houver dúvidas, que eu leve a fé, Onde houver erro, que eu leve a verdade, Onde houver desespero, que eu leve a esperançaOnde houver tristeza, que eu leve a alegria, Onde houver trevas, que eu leve a luz. Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, Pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA !


Esta oração foi feita após o pedido de clemência do papa Inocêncio III "arrependido" pelas cruzadas e muito enfermo. Francisco, duvidando de seu arrependimento, fora chamado a atenção pelo Pai pedindo piedade ao agonizante. São Francisco atendeu o pedido, admitindo humildemente sua ignorância.