sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Preço da Inclusão

Tive oportunidade de ter um amigo que viveu durante muitos anos em Comunidades. Lá dizia meu amigo; não pagamos água, não pagamos pela energia elétrica, não pagamos IPTU, não pagamos taxa de incêndio, não pagamos pelo sinal de TV a cabo. Pelo menos uma vez por semana chegava um carregamento de mantimentos, eletrodomésticos, bebidas, hortifrúti, laticínios, roupas entre outras coisitas mais. Tudo a preço de banana. Alguns até 0800! A despeito deste aparente paraíso onde quase parecia perfeito, vinha a contrapartida e que contrapartida. Não tínhamos a liberdade de ir e vir. Tudo era controlado pelo tráfico. O “Tribunal” era implacável. Qualquer deslize e era morte certa e, não raras vezes com requinte de crueldade. Pois bem, até aqui nenhuma novidade. O grande sonho, alimentado por toda a sociedade era se ver livre daquela situação e alguém muito bem intencionado elaborou um projeto, pôs em prática e libertou a Comunidade. Estamos falando de um dos maiores complexos de favelas da América Latina – do Alemão. Passados alguns meses e estamos às voltas com as notícias de conflitos naquela região. Mais uma vez está aberta a temporada de opiniões e, não são poucas: Os advogados, os juízes, os pastores, os antropólogos, os sociólogos, os jornalistas, os padres, os governantes, as autoridades, blá blá blá...todo mundo tem uma ideia e acha sinceramente que é a melhor. Lembram-se do meu amigo? Hoje ele não mora mais na Comunidade. Teve que sair para dar lugar às obras do PAC do Lula. Todo início de mês ele se recorda da Comunidade quando começam a chegar as contas. Pergunto se tem saudades e ele afirma categoricamente que NÃO. “Hoje sei que meus filhos estão protegidos. Minha filha de quinze anos não corre o risco de ser seduzida pelo chefe do tráfico e meu filho sabe que tem que estudar para ser alguém na vida. A carreira de gerente do tráfico está fora de cogitação.” Então o porquê dos tais “conflitos”? Amigos, estamos falando de gerações e gerações submetidas àquelas práticas e “regalias”. Não será da noite para o dia que isso mudará. Por certo que num primeiro momento todos disseram estarem felizes e libertos mas passados uns meses caem na real e se dão conta da nova situação. A Comunidade agora não é mais “terra de ninguém”. Tem que haver ordem. Deve haver algum tipo de reação de uma minoria. Diante da incompetência do Estado, simplesmente condenar as força armadas não me parece o correto. Eles participaram deste feito histórico e correndo os mesmos riscos. Que nunca tiveram jeito para lidar com a população civil; isso todos nós sabemos. No mundo inteiro é assim. Malhar agora não seria adequado e justo. Caberá às autoridades encontrar uma solução a médio e longo prazo. Oxalá daqui a alguns anos tenhamos mais clareza dos custos desta histórica inclusão ocorrida em nossa Cidade.

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Poverello de Assis

Oração de são franscisco



Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz !Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, Onde houver discórdia, que eu leve a união, Onde houver dúvidas, que eu leve a fé, Onde houver erro, que eu leve a verdade, Onde houver desespero, que eu leve a esperançaOnde houver tristeza, que eu leve a alegria, Onde houver trevas, que eu leve a luz. Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, Pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA !


Esta oração foi feita após o pedido de clemência do papa Inocêncio III "arrependido" pelas cruzadas e muito enfermo. Francisco, duvidando de seu arrependimento, fora chamado a atenção pelo Pai pedindo piedade ao agonizante. São Francisco atendeu o pedido, admitindo humildemente sua ignorância.